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Uma das escolas mais avançadas do mundo é portuguesa – Visao.pt

Posted by on Quinta-feira, Fevereiro 11, 2010, 23:22
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Uma das escolas mais avançadas do mundo é portuguesa

Sabe onde fica Várzea de Abrunhais? Se não sabe, devia. Foi nesta freguesia, dos arredores de Lamego, que a Microsoft encontrou uma das melhores escolas, no mundo, a aplicar novas tecnologias na aprendizagem.

Mario David Campos (texto) e Lucília Monteiro (fotos)

12:16 Quinta-feira, 11 de Fev de 2010


Permita-se a sinopse.

“Terminado o dia de escola, João anda com a mãe no campo a cuidar da horta.

– Olha João! – diz a sua mãe. – Um ninho de melros aqui no ervilhal.

Entusiasmado, o rapaz corre desenfreadamente até casa para ir buscar o Magalhães. Liga o pequeno portátil ainda antes de sair do quarto e desabelha, de novo, em grande velocidade, para junto da mãe. Pelo caminho, a câmara, sempre em sobressalto, filma-lhe o rosto e vai deixando antever pedaços do sinuoso percurso. Riachos, poças de água, algumas pedras, silvas. A arfar, João chega, finalmente, à plantação de ervilhas. Com uma das mãos afasta, cuidadosamente, os pés das plantas e mostra o ninho. Perfeito. Vêem-se, até, dois pequenos ovos esverdeados. O último plano do filme-mudo é o rosto feliz do rapaz, com o boné de pala para o lado.”

Se João, 9 anos, o realizador desta curta-metragem, tivesse escrito um guião para o seu filme, seria, porventura, algo assim. Nunca o fez, porque tudo foi espontâneo, saído, em torrente, da sua imaginação. Nas imagens também ficou por revelar o dia seguinte, aquele em que, com o ar mais satisfeito do mundo, entrou na sala e mostrou aos colegas e professores o filme que fizera.

Foi com exemplos como este, de João, cujo filme está disponível no YouTube, que a EB1 de Várzea de Abrunhais conquistou a atenção da Microsoft e recebeu, em fins de 2009, um prémio que a coloca entre as escolas tecnologicamente mais inovadoras do mundo. É, desde então, a única em Portugal e uma das 31 em todo o planeta, seleccionadas para integrar a rede de escolas inovadoras, a nível mundial, que passam, a partir de agora, a orientar e apoiar toda a restante comunidade educativa

E afinal, garante a professora Maria do Carmo Leitão, principal impulsionadora do projecto, foi tudo tão simples. “No fundo”, conta, “apenas tentei tirar partido do software previamente instalado nos Magalhães e ver o proveito que eu e os alunos poderíamos tirar dele.” Fã das novas tecnologias, apesar de nunca antes ter tido formação especial, a docente, de 53 anos, aproveitou as bases do ensino básico mediatizado, a antiga telescola, onde leccionou, para inovar. A melhor prova disso está à vista, no blogue da escola ( http://blogs.ess-edu.com.pt/eb1vabrunhais ), uma página virtual em permanente ebulição com os trabalhos dos alunos, também eles entusiasmados com a descoberta das potencialidades do pequeno Magalhães.

Toca a teclar

Foi, precisamente, com o blogue que a janela da pequena escola de Várzea de Abrunhais se abriu ao mundo. E à Microsoft. Tudo porque, à medida que os alunos faziam trabalhos, a professora ensinava-os a colocarem-nos na página virtual, para poderem ser apreciados por quem quisesse. Adelaide Franco, da Microsoft Portugal, foi lá espreitar e gostou. De tal forma que mandou um e-mail a incentivar a professora e os alunos a continuar. “Achámos que aquela escola estava a tirar o máximo proveito da tecnologia ao seu dispor”, lembra Adelaide Franco. “Era um exemplo de inovação e criatividade.”

Os resultados das novas práticas não tardaram a sentir-se. O entusiasmo revelado pelas 12 crianças, entre os 7 e os 9 anos, depressa alastrou às restantes 22, distribuídas pelas salas dos 3.° e 4.° anos, e, até, ao jardim de infância. A diferença de rendimento escolar dos miúdos passou a ser notória, garante Helena Gama, a coordenadora do departamento, também ela já “contagiada” pelo trabalho desenvolvido por Maria do Carmo Leitão.

João, o autor do filme, é um bom exemplo. Vinha do pré-escolar com aulas de apoio e, actualmente, está ao nível dos seus colegas e é um dos mais entusiastas das novas tecnologias. Ou Ana Luísa, 8 anos, que também revelava dificuldades de aprendizagem e, hoje, mexe nas teclas do computador como se fossem extensões dos seus dedos. Ana Luísa já é, aliás, uma das alunas seleccionadas para, na fase seguinte do projecto, e com o apoio da Direcção Regional de Educação do Norte e da autarquia de Lamego, se deslocar a outras escolas para fazer workshops e ensinar colegas a tirar mais proveito do Magalhães.

A professora Maria do Carmo Leitão, essa, passou a ter uma agenda muito mais preenchida. Já foi, até, convidada de honra da ministra da Educação, Isabel Alçada, num almoço. Antes, estivera presente, com dois dos seus alunos, no 5.º Congresso dos Professores Inovadores, em Lisboa. Mais tarde, a convite da Microsoft, deslocou-se a São Salvador da Bahia, no Brasil, em representação da sua escola, para falar sobre o projecto.

Auto-estima em alta

Todos estão perfeitamente à vontade em frente dos pequenos portáteis, a manejar qualquer um dos programas. Mas é na criação de photo-stories – filmes feitos com base em fotografias ou desenhos e narrados pelos alunos, geralmente sonorizados com músicas que os próprios criam ou vão buscar à internet – que quase todas as crianças se sentem como peixes na água. Até os miúdos do infantário já são chamados a participar. Alda Fortes, a educadora, recorda a alegria dos pirralhos, “quando os mais crescidos foram fotografar, pela primeira vez, os desenhos que eles tinham feito e, depois, realizaram um pequeno filme com banda sonora. Adoraram!”

Diz Maria do Carmo Leitão: “Sem roubar tempo ao normal decorrer das aulas, o computador ajuda-os a desenvolver a aprendizagem e aumenta-lhes a auto-estima e a confiança.” Beatriz, de 8 anos, ilustra esse quadro. Depois de “despachar” a sua photo-story, e enquanto os colegas ainda estão a terminar as deles, vai até um dos computadores da sala pôr a conversa em dia com o tio, que se encontra na Suíça. Através do Messenger, sabe novas da sua prima Diana. “Pelo meu e-mail”, conta, “também lhe mandei fotografias da família, que tirei com a máquina da minha mãe.” A aproximação da escola à comunidade é outro dos feitos do projecto. O pequeno Diogo, por exemplo, resolveu filmar a horta para mostrar ao pai, quando o progenitor regressasse da Suíça. “Assim, ele podia ver como é que cresceram os feijões, a abóbora, as couves e as cebolas.” Quando chegou, o pai viu tudo ao vivo – mas gostou mais do filme.

Arriscar e ganhar

– Ao ser incluída no programa mundial das escolas tecnologicamente inovadoras, da Microsoft, a EB1 de Várzea de Abrunhais vai ter:

* Acompanhamento regular da multinacional

* Acções de formação

* Disponibilização imediata de todo o software criado pela empresa


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