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20 Anos, 17 de Novembro de 2006


Vinte anos

O tempo passa depressa. Basta ver quão rapidamente chegámos ao final deste primeiro período… E, nesta vertigem, é fácil esquecer as coisas, as pessoas, os acontecimentos que povoam a nossa vida.

É por isso que as datas são importantes, marcos necessários para ajudar a nossa memória.

Lembro-me bem do dia em que visitei a escola. Era o meu primeiro ano de trabalho e tinha sido colocada na Escola Secundária da Sé (naquela altura não havia a “barra 3”). Era um ano importante, aquele, não apenas na minha história pessoal. A casa do Largo Dr. João de Almeida, que durante muitos anos tinha servido de instalações à Escola Comercial e Industrial e, depois, à Secundária, ia finalmente voltar para os donos. O novo edifício estava a ser construído em tempo record, mas não se percebia muito bem como viria a ser.

Porque se aproximava o início do ano lectivo, naquela tarde de final de Setembro os professores vieram ver como seria a nova escola. A luz do entardecer entrava pelas janelas, ainda sem vidros. Cheirava a novo, os carpinteiros colocavam as madeiras, havia a confusão que é habitual num grande espaço em obras.

Lembro-me muito bem da luz de fim de tarde, do cheiro e da cor da madeira, da sensação de que tudo iria ficar muito bonito, mas demoraria a ser concluído.

Não demorou! A 17 de Novembro de 1986, ainda sem oficinas nem pavilhão gimnodesportivo, aconteceu a “Aula inaugural” e a escola começou a funcionar. Era muito bonita (ainda é!) e naqueles primeiros tempos todos nos esforçávamos por que o fosse ainda mais: cada turma trazia plantas para alindar a sua sala, no Dia Mundial da Árvore foram plantadas algumas das árvores que ainda hoje estão no jardim. E não esqueço o espanto dos alunos da noite, quando chegou a hora de Verão e finalmente conheceram a escola à luz do dia!

Vinte anos depois, é bom saber que à beleza do edifício se junta a alegria das pessoas que continuam a construir a Escola.

Neste ano, vimos a nossa escola colocada num bom lugar em qualquer dos rankings publicados e com bons resultados a matemática nos exames nacionais de 12.º ano. E assinalámos os vinte anos da Escola com uma festa simples, mas onde a colaboração e o empenho de todos cimentou este modo novo, que temos vindo a aprender, de trabalhar juntos.

Uma escola é um lugar onde se está, a que se pertence e do qual se espera um insubstituível contributo para a formação pessoal. Mas é também um lugar de onde se parte – para outra escola, para o mercado de trabalho. Importa saber honrar o esforço dos que nos precederam. Importa marcar, com o trabalho e a originalidade de cada um, esta construção, sempre inacabada.

Para vivermos de Esperança e de futuro.

Feliz Natal!

 Cristina Teixeira, Jornal EA n.º 6 – Dezembro de 2006


Vinte anos atrás…

A ideia de um dia poderem ser construídas instalações próprias para o funcionamento da Escola Secundária da Sé, era considerada um “mito”, nos finais dos anos sessenta.

Actual sede da Santa Casa da Misericórdia de Lamego

Instalada então no edifício da actual sede da Santa Casa da Misericórdia e tendo sido fundada com a denominação de Escola Industrial e Comercial de Lamego em 1967, só em Janeiro de 1968 se iniciaram as aulas, tendo uma das subscritoras destas linhas, entrado na equipa docente da Escola, antes da própria mobília!

Pouco a pouco, ao longo dos anos, foi a Escola crescendo até que, a partir da 2.ª metade dos anos 70, estava a “rebentar pelas costuras” de tal modo que, exceptuando a secretaria, a cantina e o gabinete do Conselho Directivo, só os poucos e exíguos quartos de banho escaparam à sua ocupação como salas de aula.

Além de muitas outras coisas, não dispúnhamos de reprografia nem de espaço suficiente para apresentar as nossas récitas de fim de ano, pelo que tínhamos de utilizar o Salão Apostólico, emprestado para o efeito.

Apesar da grande capacidade de resistência demonstrada, em diversas situações, professores, alunos e funcionários albergavam o sonho de uma nova “residência”.

Diz o velho ditado que “água mole em pedra dura, tanto dá até que fura”. Foi o que aconteceu. Os “choradinhos” e “cantochão” dos Conselhos Directivos e a vontade política do Presidente da Câmara de então, conseguiram o milagre tornando o sonho em realidade: em 1986 as obras da nova Escola Secundária da Sé foram ultimadas e o edifício inaugurado.

A mudança foi-se processando por etapas. Se é difícil a mudança de uma casa, mudar uma escola é bem mais complexo. E mudar as cabeças? Nem se fala!

Habituados como estávamos às nossas restritas instalações, aos buraquitos (por vezes buracões) que aqui e acolá surgiam inesperadamente, apesar de todos os avisos, ao duche gratuito no átrio da escola (quando chovia, convinha abrir o guarda-chuva), à ventilação natural nos corredores, átrio e tudo quanto era sítio. Também no gabinete do Conselho Directivo, por baixo da secretária, aos cogumelos cuja cultura se poderia ter tornado uma mina de ouro, não fora a falta de ambição e capacidade dos detentores do referido gabinete, habituados a todas estas “benesses”, dizíamos nós, sentíamo-nos desamparados com tanto espaço na nova Escola, correndo o risco de nos perdermos, quando precisávamos de comunicar com alguém. Sentíamos que “a nossa família” se tinha desagregado e as lamentações de alguns funcionários saudosistas do velho “lar”, faziam-se ouvir de quando em vez.

Por outro lado, começávamos a sentir as regalias da existência de 1 reprografia, de 1 sala de professores condigna, de 1 sala dos funcionários, de laboratórios diferentes e bem equipados, de 1 biblioteca, de quartos de banho q.b., de 1 cantina espaçosa, de 1 sala para a telefonista, etc, etc, etc e até espaço para a apresentação de dramatizações de carácter pedagógico.

Foi com viva satisfação e muita emoção que assistimos e partilhámos da alegria da festa da comemoração dos 20 anos do novo edifício, ao ver a dinâmica da Escola com o empenhamento de professores, alunos e funcionários, dando-se as mãos como uma verdadeira família.

Parabéns aos professores, alunos e funcionários colaborantes num espectáculo que nos deixou boquiabertas e de coração enternecido.

Parabéns ao Conselho Executivo pelas suas realizações e pela óptima e simpática ideia de convidar professores e funcionários administrativos e auxiliares da “velha guarda”.

Muito e muito obrigadas pela amizade e lembrança do convite.

Parabéns à Escola!

Maria Hermínia Quintela e Celina Rebelo (professoras aposentadas), Jornal EA n.º 6 – Dezembro de 2006