Somos estranhos.
Somos projectos de gente futura.
O mundo não nos é redondo, a erva não é verde, o céu não é azul. As aves não voam, as palavras não significam nada, o dom da fala não é meio fiável de comunicação.
Desconfiamos.
Pisamos o risco e queremos transpor as mais oriundas fronteiras. Não cremos no impossível, desafiamos os que nos trouxeram à vida. Erramos, para que possamos, por nós mesmos, aprender.
Tudo é novo e tudo é conhecido: a oposição impera!
O ser vai-se dividindo ao longo do tempo corrente… O estado de espírito possui mais flexibilidade que um mero pedaço de plasticina: o preto, a floresta densa, as árvores gigantes que não permitem a passagem do mais inocente raio de luz, dá lugar às cores hippies, às florzinhas e épocas de felicidade plena.
Queremos voar! Queremos que nos dêem ordens… Para que tenhamos a oportunidade de as ignorar. Queremos infringir tudo quanto é regra!
Queremos cortar o cabelo, pintá-lo, mudar o estilo de roupa todos os dias, queremos afirmar a individualidade de nós mesmos.
Queremos estar convencidos que sabemos tudo: somos sensatos, somos responsáveis, somos importantes, somos senhores do nosso nariz, somos maduros.
Queremos atravessar desertos a pé, queremos mergulhar o mais fundo possível, explorar, retornar à superfície.
Queremos pensar que “querer é poder”, “desejar é possuir”.
Queremos namorar, acabar, “curtir”, namorar, acabar, manter, discutir, fazer as pazes, variar, testar, experimentar, descobrir sensações.
Queremos o mundo.
Mas acordamos e…
Sensatez? Responsabilidade? Maturidade? Oh bem!
Caímos na realidade! Somos frágeis e vulneráveis.
Somos pequenas crias que, aos poucos e poucos, abrem os olhos e vão dando passitos e queremos mesmo voar!
Perigoso?
Sejam o nosso pára-quedas, ajudem-nos, empurrem-nos com o vosso jeito calmo, se assim o desejarem, mas deixem-nos voar.
O que não temos é nosso e o que é nosso aos outros pertence.
Controlem-nos, mas não nos sufoquem.
Somos adolescentes.
Mariana Mexia, 10.º B